EUA proíbem venda de componentes norte-americanos para fabricante de telefones chinesa ZTE
Dependente de empresas coo Qualcomm, Microsoft e Inte, chinesa não poderá comprar de americanos por sete anos. Axon 7, smartphone da ZTE, apresentado em 2018.
Paul Hanna/Reuters
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos proibiu empresas norte-americanas de vender componentes para a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações chinesa ZTE por sete anos.
Autoridades dos EUA informaram nesta segunda-feira (16) que o veto é uma punição à chinesa por violar sanções norte-americanas ao Irã.
A empresa chinesa, uma das maiores vendedoras de smartphones nos Estados Unidos, se declarou culpada no ano passado em um tribunal federal no Texas por conspirar para violar sanções norte-americanas ao embarcar ilegalmente tecnologia dos EUA para o Irã. A empresa pagou US$ 890 milhões em multas e penalidades, e uma multa adicional de US$ 300 milhões.
Como parte do acordo, a ZTE, sediada em Shenzhen, prometeu demitir quatro funcionários e impor sanção disciplinar a outros 35, seja reduzindo seus bônus ou repreendendo-os, disseram funcionários do alto escalão do Departamento de Comércio. A empresa chinesa, porém, admitiu em março que, apesar de ter demitido os quatro funcionários, não tomou nenhuma atitude disciplinar contra os outros 35.
“[A ZTE] forneceu informações … basicamente, admitindo que eles haviam feito essas declarações falsas”, disse um alto funcionário do departamento.
“Não podemos confiar que o que eles estão nos dizendo é verdade”, disse o funcionário. “E no comércio internacional, a verdade é muito importante.”
Os funcionários da ZTE não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Douglas Jacobson, um advogado de controle de exportações que representa fornecedores da ZTE, classificou a proibição como algo incomum e disse que afetaria seriamente a empresa.
“Isso será devastador para a empresa, dada sua dependência de produtos e software dos EUA”, disse Jacobson. “Certamente tornará muito difícil para eles produzirem e pode gerar um impacto negativo de curto e longo prazo potencialmente significativo na empresa. Isso vai derrubar suas ações”, acrescentou.
Dependência dos EUA
A ZTE vende aparelhos celulares para operadoras de telefonia móvel norte-americanas AT&T, T-Mobile e Sprint. A chinesa depende de componentes de empresas dos EUA, incluindo Qualcomm, Microsoft e Intel. Estima-se que empresas norte-americanas forneçam de 25% a 30% dos componentes usados nos dispositivos da ZTE, incluindo equipamentos de rede e smartphones.
A ação dos EUA contra a ZTE provavelmente exacerbará as atuais tensões entre Washington e Pequim sobre o comércio. Depois que os EUA impuseram restrições às exportações da ZTE em 2016 por violar sanções contra o Irã, o Ministério do Comércio e Ministério das Relações Exteriores da China criticou a decisão.
Uma investigação federal de cinco anos descobriu no ano passado que a ZTE havia conspirado para escapar do embargo do EUA sem interromper a compra de componentes norte-americanos e incorporando-os a equipamentos da ZTE enviados para o Irã.
A ZTE elaborou esquemas complicados para ocultar a atividade ilegal, mas concordou em se declarar culpada depois que o Departamento de Comércio tomou medidas que ameaçavam cortar sua cadeia de fornecimento global. Ainda assim, o governo dos EUA permitiu que a empresa continuasse acessando o mercado dos EUA sob o acordo de 2017.
Origem: G1 Tecnologia